As horas passam... O tempo vaza pela minha mão feito
água, o tempo corre com pressa atrás de borboletas que nunca encontra, porque
se não, já teria parado de correr. E nós? Ainda corremos atrás das nossas
borboletas? Com certeza. Elas nunca aparecem. Sempre há um motivo pelo qual
correr. E o tempo corre, percorre todas as horas do dia em um segundo, o tempo
voa como um gavião, sempre pronto para soltar nossa mão e nos fazer correr.
Correr atrás do que? Do tempo, oras, das horas que o tempo leva de nós. É sempre atrás do tempo que corremos, afinal,
não é? Do tempo que perdemos, das coisas que nos arrependemos, do tempo que
éramos jovens, do tempo que chamávamos os amigos de irmão. Corremos atrás da
beleza, que nos deixou sem chão, corremos atrás dos amores, que amamos em vão. E
o tempo escorrega, pelos vãos que esquecemos de fechar, como os sorrisos que
esquecemos de dar, como amigos que deixamos se afastar, como pessoas que nos
esquecemos de cumprimentar, nossos esquecimentos deixam vãos, onde o tempo se
penetra e nos faz querer voltar, para aquele mesmo lugar, onde nos esquecemos
de nos encontrar. O tempo corre, machuca, destrói, corrói. O tempo cura,
brinca, dança, canta, como em uma ciranda. O tempo é uma criança, que corre sem
parar, e nós corremos atrás. O tempo nunca se cansa, nós é que às vezes
cansamos de esperar o tempo chegar. Nós
é que cansamos de simplesmente tentar, e de fechar os vãos que sem querer,
deixamos o tempo entrar.
minha autoria