Devolução




Vou passar ai para pegar as minhas roupas que ficaram na tua casa 
e devolver a chave da tua vida.
Quero de volta também a sincronia da nossa intimidade e as verdades jamais ditas.
Se conseguir te devolverei seu coração 
e peço perdão por não ter conseguido faze-lo pulsar forte como no início.
Por favor devolva meu tempo desperdiçado em todas as brigas e discussões má sucedidas
que não foram suficientes para nos unir de novo.
Devolva também minhas lágrimas que te devolverei as noites em claro pensando em nós.
Entregue seus elogios e juras a outra mas continuarei acreditando que um dia você irá cumprir as promessas que fazia à mim.
Vamos apagar todos os momentos de carícias 
e esquecer os momentos de troca de olhares e de silêncio.
E gritos ao vento de afeto e de revolta.
Devolveremos então o nosso amor ao universo para que ele o transforme como preferir,
e o amor entre nós já não nos pertencerá, como a muito vinha acontecendo.
Vamos fingir que foi melhor assim e que tudo ficará bem.
Vamos destrocar nossos abraços e esquecer nossas brincadeiras 
e frases prontas que nós mesmos criamos.
Desfaremos nossos planos anotados à risca e nossos moldes de uma vida juntos.
Trocaremos o nome de nossos filhos futuros e inventaremos novas formas de amar,
cantaremos outras canções e não cantaremos aquelas que nos faz lembrar 
de tudo aquilo que não conseguiremos apagar.
De tudo aquilo que não há devolução.
Devolveremos o que está ao nosso alcance, e vamos esconder aquilo que que ainda não está.

Ainda não está, mas estará.





Minha autoria

Mais ser cada dia / Ser cada dia mais

Cada dia mais elevo-me a ser
leve.
E levo da vida a leveza e a beleza
das nuvens, chuvas, amores de flores,
que florescem cada dia mais, dentro de nós.
Floresço.
Floresço e cresço e sumo.


Cada dia mais sumo para o mundo
e sinto-me dentro de mim.
E sim,
tome-me de dentro de mim.
Sumo sem rumo de mim,
e fujo dos meus próprios males
sem fim.


Cada dia mais eu subo
e subtraio quem trai e me distrai
e trago e sugo pra dentro tudo que julgo
tranquilo e simples, vulgo, bom.


Cada dia mais escuto o som
da natureza, e seus tons e dons.
Esculpo, engulo e cuspo a tristeza
e suas dores e cores marrons.


Cada dia mais vivo
estou.
Pois na vida nasce a dádiva
da duvida da vida: ser ou não ser vívida?
E eu continuo contínuo na ativa tentativa de ser
feliz.


Cada dia mais me movo,
e me renovo, e me removo
e me inovo, de novo, me movo.
Porque parar é perder a essência de ser
é esquecer a consciência de si
é não saber compreender: o estranho que é ser
você.


Minha Autoria
Hoje eu chorei por todas as coisas que já falei e todas as outras que já quis e não tive coragem de falar. Chorei hoje, pelo ontem, e pela incerteza do amanhã. Hoje chorei por todos os erros que aceitei, e todos os acertos que errei em aceitar. Chorei pela nota desafinada que toquei e pelo beijo –doce beijo- roubado que ganhei. Chorei pela saudade e pela ausência – de pessoas, de momentos, de mim mesma, que perdi a essência – chorei pelo que fui e pelo que sou, só não chorei pelo que vou ser, pois não sei se serei. Chorei, molhei, gritei, andei, ufa. Eis que estou aqui, chorando. Chorei hoje pelas promessas que quebrei e planos que desfiz, por pessoas que deixei e por amizades que refiz. Chorei de alegria por lembrar de velhas e belas coisas, e de tristeza por pensar que tudo passou, acabou, fim. 


Minha autoria

GOL da manipulação

Despertador toca: acorda bem rápido pra ir se arrumar,
disposição à mil, é dia de malhar.
pega ônibus, demora entre meia hora pra chegar,
mas chega feliz na academia, que está à um mês sem pagar.
Despertador toca: acorda bem devagar,
olha o horário “a não, ainda dá tempo de cochilar”,
depois de um cinco minutinhos lembra que é dia de estudar,
escola à cinco minutos de casa, 
mas “não vou hoje não, já to a um tempinho sem faltar”,
já faltou dois dias na semana,
mas quê que tem? Não é o meu dinheiro que vai pagar.
Anos depois, entrevista de emprego: “Estado civil? Itaim Paulista. É solteira? Cim.”

“Compre! Quando terminar de construir, essa favela não vai mais existir”
FOGO. Zona leste nem se comove, isso já é normal acontecer
Crianças brincando nas cinzas de suas casas, adultos comprando seu segundo ‘ap’

Chega em casa liga a telinha que dá dinheiro pra famoso emagrecer,
enquanto várias crianças do outro lado da linha querendo engordar pra sobreviver.
Dá um milhão pra quem não merece nem um tostão
mas pede pro telespectador doar pra quem não tem condição.

Enquanto consumo e compro mesmo sem precisar,
“No nordeste as crianças ainda estão comendo cactos”
Mas quem se importa? Silêncio que agora o meu time vai jogar.
Jogar uma bola “costurada pelas mãos escravas de crianças chinesas”
Mas quem se importa? Meu time tá perdendo, silêncio que vou rezar.

Meu santo, faz o meu time golear!
Traz alegria pra esse povo que não tem mais motivos pra comemorar.
Não tem alegria na mesa, muito menos no lar.
Meu santo, faz o meu time vencer!
Pois torcer para nós mesmos já cansamos de torcer,
A esperança é a ultima que morre, e a de muitos acabou de morrer.

Calmaaaa, tem um novo Papa vindo aí! Interessante, mais não vi nada acontecer.

GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL da manipulação.

Pausa, corta, edita, era homem do bem, agora já não é mais ninguém
Distorcido pela mídia que só passa o que “QUEREMOS VER”
O Brasil vai sediar a copa, ‘AMÉM’.

"Pra muitos, o jogo começou, pra mim, acabou."

Minha autoria - inspirado na peça "Corinthians, meu amor"

Chegou a hora


Ta na hora de parar de pensar na vaidade e começar a pensar na essência
Ta na hora de parar de cimentar a cara e começar a lapidar o coração
Ta na hora de parar de malhar o corpo e começar a malhar a mente
Ta na hora de parar de perguntar o preço e começar a se preocupar com o valor
Ta na hora de parar de plantar ignorância e começar a colher conhecimento
Ta na hora de parar de julgar o próximo e começar a se perceber
Ta na hora de tirar os olhos da TV e começar a enxergar a realidade
Ta na hora de parar de reclamar e começar a agradecer
Ta na hora de parar de aceitar e começar a argumentar
Ta na hora de parar de se esconder e começar dar a cara pra bater

Chegou a hora de mudar, reivindicar, aprender, construir, crescer, EVOLUIR.

Minha autoria